terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
A Joaninha Verde da Beira Mar
Apertando sem querer o botão automático
ela, de repente,
embarca no meu lado
aproveitando a artéria entupida do trânsito.
Ela desfila
explorando a transparência do vidro
e face negra enrugada do interior do automóvel,
tudo como se fosse a superfície lunar.
No vento artificial do ar condicionado
ela flutua com suas asas,
sem gravidade,
uma astronauta verde com bolinhas amarelas
viajando pela galáxia plástica e estofada.
Enquanto eu estou parado,
ela explora todas as possibilidades.
Enquanto eu em minha inércia
mastigo o cotidiano pesado,
ela viaja pelo tempo,
poucos metros
são mundos distantes.
Algumas horas passadas
consigo completar mais um dia cansativo,
chego a minha casa,
minhas narinas
lentamente vão se libertando do cheiro de surdina.
Abro a porta,
exausto,
A Joaninha Verde da Beira Mar
mergulha novamente no ar quente e leve,
suas anteninhas por um momento
fitam-me,
parecem zombar da minha existência “humana”.
Voa sem formalidade
sumindo entre as folhas verdes de um pequeno brejal,
ela também está de volta em casa.
Poema:Rodrigo V. Souza
Imagem: Internet
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