sábado, 23 de fevereiro de 2013

No ânus da poesia


Um zumbido no cerebelo
Teclando os dedos lisos
Querendo as nuanças de prazer
O mudo do espaço
Orquestrando ouvidos
A luz jorrando do soquete do quarto
Emitindo uma onda anêmica amarela
A cama gemendo de orgasmos
O bordo do vinho escorrendo do ânus da poesia
Uma Camisa de Vênus moldada pelo sorriso circense do ventre
Um resíduo de uva fermentada na língua
Um gosto agridoce de batom vermelho nos pelos do corpo 
Um samba apoteótico na lingerie alegórica
Um pandeiro em estado plasmático
Transforma a sola do pé em farelo
O sol que faz açúcar na fruta
Batuca a pele de dia
A parte caída aparece com a lua bandida

Poesia: RVS
Imagem: Micro-esculturas - Peluche

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Carta aos filhos de Da Vinci

Sacadas,
Pescoços quebrados,
Suicídios entre sonhos,
Homossexuais empalados em frigoríficos,
A prosa do poeta sem sombra,
A Mona Lisa sorri após o ato.
Bonecos de panos
Bem mais vivos que muitos humanos.
Vermes,
Carnes prostituídas,
Sacodem a terra santa.
Da Vinci,
Espaçonave a pedal para o abismo (da loucura),
O pão que o diabo amassou alimenta os filhos de deus.
Alfinetes e conta gotas vertem o sangue do tempo.
Cadeiras elétricas,
Assentos dos inocentes.
Abriremos as portas dos mundos,
Abriremos as postas dos hospícios,
Estaremos salvos, salvos!          

Poema: RVS ( do livro - Um Pedaço Dilatado do Tempo)
Imagem:Philip Blackman