quinta-feira, 28 de julho de 2011

Tecnologia social - Acesse o link abaixo

http://pt.scribd.com/doc/59463752/Trabalho-de-Tecnologia-Social
UIVO ZINES - 10 ANOS


Não quero que ninguém
ignore meus gritos de dor, e
quero que eles sejam ouvidos


Texto e imagem: Antonin Artaud

POEMA de ANTONIN ARTAUD


“Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer.Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre
morto.Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto

Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.
Eu represento totalmente a minha vida.

Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.

Este Artaud, mas, por falta do que fazer…

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille
no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.

Imagem: Filme de Jean Rouch

terça-feira, 26 de julho de 2011

Não acabarei como um repolho


Que me perdoem os repolhos, mas nestes dias introspectivos do inverno gaúcho encontrei tempo e cheguei à convicção: “nem pensar em terminar a saga humana como um vegetal, cheio de camadas indefeso e pronto para virar alimento”, são tantas indiossicrasias que compõem a paisagem que ancoro sem escrúpulos no meu tema recorrente, o exercício da vida suas venturas e dissabores.
Tenho perdido horas de sono em meio a pensamentos desde o fabuloso milagre da vida planetária onde milhões de células disputam a hegemonia do corpo e do meio humano, sobre a natureza selvagem contida neste ser, de sua impressionante capacidade em recriar permanentemente a vida e de sua estúpida capacidade de destruí-la.
Mas voltando ao rei dos vegetais, o nosso repolho que nasce belo e verdejante broto e aos poucos vai sobrepondo suas folhas que o envolvem compondo camadas, como se a sequência da existência provocasse a necessidade de proteger mais e mais seu núcleo original, até quando já bem robusto é abatido, suas folhas mais velhas despedaçadas no caminho, e o seu interior picado e transformado ao mínimo em salada ou outra forma de alimento, sinceramente não gosto nem de me imaginar protagonizando esta cena no papel do repolho.
A trajetória humana é marcada pela diversidade, oscilamos entre extremos, do sonho das metáforas até a realidade fantástica, da extrema dor às explosões de alegria, utópicos ou piegas, desconfiados, extremados ou simplórios, o fundamental é não se perder nos labirintos da consciência perdida, sim, pouco a pouco a multiplicidade moderna acaba por nos sufocar, inibindo a reflexão honesta causando o embrutecimento até chegar à truculência.
Claro que esta visão também não é regra geral, existem variantes, mas o tecido social vem se deteriorando vertiginosamente, onde o abismo social amplia-se na medida em que se conquistam grandes avanços técnicos e tecnológicos, o quadro é pitoresco pois não evoluímos por inteiro, até parece o “duplipensar” do George Orwell onde desenvolvimento é retrocesso, sensibilidade é dor, consciência é solidão.
Se nos detivermos atentamente ao exemplo do repolho que mesmo ciente de seu destino inexorável mantém tenras suas folhas mais internas, que não se intimidando com as viscosidades do meio externo, mantendo sua integridade inatingível e só tornando-se vulnerável no momento que cumpre sua função de alimentar a manutenção da vida, convertendo-se em energia para aqueles que desprezarão parte do seu corpo, delegando ao lixo aquilo que foi considerado impróprio ou estragado segundo um critério duvidoso e parcial, o milagre da existência está presente em todos os ciclos planetários, vegetal ou não, olho pela janela, faz frio e ainda chove lá fora, com certeza mais uma noite de insônia...


Texto: André Soares

Imagem: René Magritte

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Quando você recusou-se a lutar


Enterre todos os seus segredos na minha pele
Desapareça com inocência, e deixe-me com meus pecados
O ar ao meu redor ainda parece uma gaiola
E amor é somente uma camuflagem para o que parece ser raiva novamente...
Então se você me ama, deixe-me ir
E fuja antes que eu saiba
Meu coração está sombrio demais para se importar
Eu não posso destruir o que não está lá
Me entregue ao meu Destino
Se estou sozinho, não tenho o que odiar
Eu não mereço ter você...
Meu sorriso foi tomado há muito tempo
Se eu posso mudar espero nunca saber
Eu ainda pressiono suas cartas junto aos meus lábios
E as guardo em partes de mim que saboreiam cada beijo
Eu não poderia encarar uma vida sem a sua luz
Mas tudo isso foi dilacerado... quando você recusou-se a lutar.

Poema: Gabriela Lima (http://gabilimavaladares.blogspot.com)
Imagem:James Natchwey

Cronograma de ações de inverno FORGS/COB-AIT



Excremento em papel

Sou um homem comum,
Primitivo,
Feito de palavras,
Contra os Yuppies,
Escrevendo em garranchos meus sentimentos.
Tenho desejo,
Carne,
Matéria.
Meu ateísmo é feio e sujo,
Não sou sexista,
Fascista,
Apenas me chame de pecador,
Ou como queira teu conformismo.
Não tenho muito a deixar
A não ser um pouco de mim
Em vaginas,
Em papel higiênico,
E Palavras dissolvidas no ar.
Sou feito de vida,
Vivida,
Bebida,
Música,
Alguns livros lidos sem vírgulas.
Sou um homem,
Sem métrica,
De matéria bruta que se apodrecerá um dia,
Morrerei de raiva como um cachorro vagabundo,
Uivando liberdade,
Como um louco na mais pura lucidez
Enquanto vivo,
Excretarei
Porra,
Merda,
Vômito.
Vandalizarei a hipocrisia
Escrevendo poesia.

Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Banksi

domingo, 10 de julho de 2011

Cant' beat the feelin' - Banksy

Hackers, parabéns.



Queridos Hackers que invadiram os sites do "governo", parabéns!

Na esperança que um de vocês leia meu blog, torço para que não apenas acessem, mas divulguem para o Brasil e o mundo as falcatruas, tráficos de influência, obras superfaturadas, enfim, divulguem e façam uma campanha contra o maior esquema de corrupção jamais visto neste país!

Pode ser o começo de uma reação à essa quadrilha que mantém o povo alienado com bolsas-anestesias, e saqueiam esta nação com uma avidez despreocupada com punições!

Não passa uma semana sem que surjam escândalos ligados ao "partido da ética e da moralidade na política!", Trinta e oito ministérios para "empregar" os capangas, que, ou perderam eleições, ou precisam de uma "boquinha"...

Denunciem a cooptação de todos os poderes, a evidente falta de governabilidade, com o palanqueiro Lula mantendo em verdade um governo paralelo!

Não esmoreçam! Enviem denúncias para o Tribunal de Haya, sobre os constantes assassinatos de líderes rurais; o abandono das populações indígenas...Enfim, vocês sabem melhor do que eu o caminho da sagrada indignação a ser tomado!

Convoquem marchas de protesto em todo o país! Vocês possuem o domínio de uma tecnologia que pode arrancar o povo e os poucos intelectuais honestos, de uma letargia que termina por ser cúmplice da roubalheira generalizada!

Estamos juntos

Texto: Carlos Vereza
Imagem: Banksy


domingo, 3 de julho de 2011

UMA CANÇÃO


Chove na tarde fria de Porto Alegre, quando Vitor escreveu esta frase com certeza tinha a noção exata do significado de estar aqui no tempo e no espaço do paralelo 30, além de proporcionar uma reflexão mais profunda que a boa música nos oferta, neste frio intenso nos recolhemos ao bucólico clima que nos transporta pelos labirintos que insistentemente construímos em nosso conturbado cotidiano, sim afirmo sofrermos os maniqueísmos da contemporaneidade, não só do ponto de vista climático, mas também existencial.
Não quero passar a imagem de um indivíduo inexoravelmente pessimista, sem sombra de dúvida a arte me conforta e estimula, mas mesmo imbuído dos mais altruístas dos sentimentos por vezes caio na melancolia e como mecanismo de proteção busco refugio no frio, ele é o culpado, claro que quando está frio...
Também poderia enumerar uma extensa listagem de dissabores que afligem nossa sensibilidade, mas sinceramente só queria chamar a atenção de que muitos são os fatores que alteram o comportamento de um indivíduo na dura jornada de percorrer um dia, existir no limite de vinte e quatro horas, sobreviver.
Diariamente acordamos para a nova jornada, curiosos pelos acontecimentos das ultimas horas, na modernidade a vida não para, muitos grupos sociais com diferentes padrões de convívio em relação ao tempo, há os seres da noite, os trabalhadores do dia, os viciados sem dias ou noites, os doentes, os dementes e até os incoerentes que almejam seu lugar ao sol, as metáforas me socorrem, Van Morrison lança aos ares sua visão de vivermos exilados e que nunca retornaremos ao nosso local de origem, quem sabe???
Neste caudal no qual literalmente me sinto acorrentado, neste momento faz muito frio lá fora, aqui me aqueço nos meus subterfúgios tanto físicos quanto imaginários e ataco, quero atingir vigorosamente a imobilidade onde quer que se manifeste, ou por incapacidade ou por má vontade, a toda e qualquer forma de omissão, agora neste exato momento alguém passa frio e fome alguém sofre, alguém é agredido então o sentido de humanidade vai além de conceitos de políticas e se materializa em ação.
Você tem fome de que? sede de que?
Recorrente busco a música do Vitor Ramil e olho o cotidiano, sei que vou embora, nunca mais, nunca mais... chega em ondas a música da cidade... também eu me transformo numa canção, ares de milonga vão e me carregam.
Por aí, por aí...

Texto: André Soares

Foto: James Natchwey

O Tempo de perder tempo


A esta altura dos acontecimentos quando o “grande irmão” é real, ficamos indefesos diante do bombardeio cotidiano dos acontecimentos, enfrentamos querras no oriente, crise na economia européia, a Grécia agoniza, expansão chinesa, ataque aos bancos de dados do governo brasileiro, 200 sites rastreados, frio e incertezas provocam a reflexão num tema recorrente: “o tempo”, as idéias fervilham, ilusão, feitiço, tempo histórico, tempo geológico, tempo real, tantas visões e lembranças,me ocorre Lou Reed inquieto em sua profética canção: “Não há tempo”, vocifera: “Isto não é hora para otimismo, Isto não é hora para reflexões intermináveis, isto não é hora para o meu país, certo ou errado, lembra o que isto trouxe....não há tempo, isto não é hora para agir de forma frívola, pois a hora está tardando...esta é a hora, porque não há tempo”.
Será??!!
Busco socorro na história, onde sempre encontramos alguém perdido em seu tempo, buscando luz ao mistério que nos aprisiona. Jesús Lizano de Berceo , é mais um em seu “Prisioneiro do Tempo”, esgrima seu verso: ...”e nos últimos segundos, os anos, os meses, os dias, e as horas convertidas em ar, e se fecha meus olhos e os rostos sem vida, riam como nunca para todos os abismos do mundo, como eu desejarei seguir o prisioneiro do tempo, como eu amarei na ocasião o tempo...- eu era tempo, doloroso tempo! como eu amei os limites, só eles não estavam mortos, os anos e os meses, os dias e as horas e os minutos, todos os limites do mundo. como me arrancará a eternidade do tempo!”
Bons exemplos para aguçar a imaginação, dispomos de imenso repertório de opções históricas e tecnológicas que diariamente nos impulsionam cada vez mais longe, outro dia lendo que nossa Física já possui um experimento através da “oscilação de neutrinos” afim de resolver o enigma da matéria e a antimatéria, desenvolve-se os computadores químicos, órgãos humanos sintéticos...são tantos avanços humanos, mas ao mesmo tempo convencionamos que o limite da extrema pobreza em nosso país é a monumental soma de setenta Reais ao mês, qual ser humano sobrevive com esta “importância”, paradoxal o desequilíbrio, milhões de seres não acessam os benefícios da atualidade, por quê???
Esgotamos o tempo em nossa atribulada contemporaneidade das mais complexas formas, do fútil ao supérfluo até a profunda introspecção filosófica, quem somos? em que nos transformamos? atingimos o núcleo da menor partícula, mas somos incapazes de minimizar as mazelas da vida, egoístas é quem nos transformamos, ocupamos o tempo satisfazendo nossos sentidos em detrimento da razão, assistindo impunes o mundo pulsando na ponta dos dedos conectados por um mutismo eletrônico.
Perco o sono, esqueço o tempo, a noção de realidade, divagando sobre tantas situações, inadiável enfrentar sem demora estas questões transversais a fim de resolvermos a simples equação do bem viver, o tempo cumprirá seu caminho inexorável, estimula a reflexão, podemos classificá-lo na visão acadêmica numa abordagem meramente técnica, mas encontramos outras visões que afirmam a impermanência das coisas, onde a mutação constante dos seres e de seu meio apresenta sempre a nova faceta por ser descoberta a ser aprendida e aperfeiçoada ou simplesmente aceita.
..........Sinceramente espero não causar mais confusão com este devaneio atemporal, nos resta a certeza de não sairmos ilesos percorrendo a linha do tempo, com tantos antagonismos que considero importante perder algum tempo em deter o olhar, refletir e quem sabe agir pois aqui estamos, então há tempo...

Texto: André Soares
Imagem: do filme Asas do Desejo