Acordei nostálgico, de uns dias pra cá me encontro como que estivesse fazendo um balanço, mas um daqueles com propriedades de auditoria, tão complexo e metódico que os que me conhecem vão sorrir quando lerem estas palavras, logo eu, bem deixem pra lá... Surpreendi-me com uma expressão outro dia: “o arfar humano”, foi impactante e de cara me transportei aos labirintos do pensamento, pois então, a existência pulsa ao ritmo cardíaco e os episódios se sucedem em meio à eterna sequencia que só tem seu fim no momento derradeiro, contém tanta diversidade tamanha exuberância que caio prostrado fazendo elegias pelo existir e poder arfar exultante na tarefa cumprida, ou pela trajetória interrompida por circunstancias que alteraram a direção original, meu olhar atento e por vezes nem tanto insiste em apontar o caminho onde nascem ansiedades, esperanças, sonhos, objetivos, trajetórias, perspectivas formando um mosaico com tantas expressões, verbalização do que na verdade não pode ser descrito sendo apenas a chama acesa da vida que arde oscilante e nos faz andar. Busco minimamente expressar toda intensidade que aflora em minha mente transporta-se aos dedos que comprimem com paixão o teclado indiferente, penso ser possível escrever uma frase que defina a multiplicidade da vida em poucas palavras, uma frase que ainda não escrita retrate a gene humana conquistando o planeta chegando ao outro mundo possível transformado em um cenário impossível ao ser sensível e visionário, conseguirei? Jayme Cetano Braun em seu lirismo missioneiro diz: “que a vida é um crédito aberto que é preciso utilizar”, sábias palavras, mas quantos de nós não temos medo de investir neste mercado amplo e algumas vezes duvidoso, muitas vezes lucrativo que é o viver, nem só de dissabores são contadas as histórias muitas venturas também compõem a existência. Considerem minha manifestação como devaneio existencialista, pois acredito que a frase nunca escrita ainda esta por vir, e virá registrada pelas mãos dos que ousaram sonhar por aqueles que resolveram lutar por seus sonhos, por quem nunca se entregou aos pragmatismos do viver transcendendo seus limites, errando muito, aprendendo retrocedendo e tornando a avançar no eterno rito da existência humana, em mim mora a certeza que a simplicidade do espírito livre irá prevalecer sobre a idiota que assola milhares de autômatos aprisionados em uma existência repleta de limites, mas que com atenção compreensão e exercício serão ultrapassados já que aqui estamos em busca do equilíbrio e da felicidade, ou pelo menos deveríamos, sou apenas um sonhador mas como gostaria de acordar pela manhã do outro dia e descobrir que tudo mudou, por favor não se sintam constrangidos, somos amigos, podem me indicar o endereço do sanatório mais próximo mas esta convicção habita em mim, dia virá em que iremos acordar...
Texto: André Soares
Imagem: Rodrigo V. Souza
