domingo, 12 de fevereiro de 2012
O copo era de vinho
A lua nua invade a noite
Roçando no véu das nuvens passantes
Cadelas no cio
Regendo a sinfonia da madrugada
Cachorros uivantes
Vira-latas em uma orgia de pau, pelos, vagina e luz
Um caco de vidro aranha o pálido piso bege
Respingado de orgasmo seco
Um inseto invertebrado mergulha dentro do copo
Quebrando o silêncio da superfície inerte
Suas asas,
Seu corpo minúsculo
Banhado de cor cereja
Mas quem embriaga hoje
Não é a fermentação prolongada
Não é a essência de alfazema concentrada
São as estrelas que brilham tímidas
O tímido cheiro de teu cabelo
Que insiste no travesseiro
Um inseto invertebrado mergulhou dentro do copo
Quebrando o silêncio da superfície inerte
Sorrindo
Ele respirou o último gosto de vida
O copo era de vinho
Poema: Rodrigo Vargas Souza
Foto: Internet
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