domingo, 2 de janeiro de 2011

Assim Caminha a Humanidade.


Madrugada alta, na TV passa um filme com um título sugestivo: “Aprendendo a Mentir”, daqui a pouco ocorre um eclipse total da lua, fenômeno que só irá ocorrer novamente daqui a 92 anos, então esta noite é histórica, muitas coisas me tiram o sono, tenho viajado com muita freqüência ao centro do país, passo por muitos lugares e pessoas, voltei da última viajem com uma convicção consolidada, alimentamos um comportamento social totalmente absurdo e desrespeitoso em relação ao nosso próximo, hoje assistia ao telejornal que mostrava uma briga dentro de um vagão lotado do metrô de São Paulo, o motivo era disputa pelo assento prioritário para idosos e gestantes, nossa, uma senhora alegando não saber ler e nem estar aí pra ninguém foi retirada a tapas por outra mulher indignada com sua indiferença, semana passada no mesmo metrô eu presenciei uma mãe espancar sua filha com extrema violência pelo fato de a criança soltar sua mão e correr poucos metros no vagão desta vez quase vazio. Ah tristemente me vem à expressão, vivemos dias pouco humanos, sustentamos a máquina do capital, nossa vida transformou-se num moto contínuo sempre em aceleração de produzir, consumir, restringir, suprimir nossa emoção, sonhar, mudar talvez? Ao longo da história tantos livres pensadores se manifestaram em relação à vida, tantas teorias, conceitos, paradigmas, quando saciar é nossa ambição, por isso se concebe a saciedade, conjunto de humanos voltados para manutenção do primitivo que habita cada ser, a missão é agir com voracidade em todos os aspectos da vida. Gosto de apresentar alguns dados estonteantes e recentemente num debate fui questionado pelas fontes que estava utilizando, mas se a ONU já não tiver nenhuma credibilidade pouco nos restará, senão vejamos, o planeta contabiliza mais de um bilhão de famintos, a cada cinco segundos morre uma criança de fome, três bilhões de seres humanos não acessam a saneamento básico, no Brasil nos próximos três anos segundo a UNESCO estima-se a morte de 33 mil jovens entre doze e dezoito anos, vítimas da violência urbana, fruto dessa relação desrespeitosa que inconscientemente alimentamos através de nossa omissão coletiva, quando não protestamos, não nos posicionamos diante deste quadro degradado, herança que brindaremos as próximas gerações, salvo a retomada do caminho natural onde existir não seja sinônimo de possuir, onde transgredir signifique ultrapassar limites possíveis e não penalidade legal, tenho perdido o sono em meio a tantos labirintos que meu pensamento percorre, mas o fio do novelo não acabou, acredito no espírito livre, acredito no fenômeno humano, que minha reflexão ultrapasse as barreiras da incompreensão e alcance o coração daqueles buscam como eu um outro tempo, onde haja tempo, um outro dia em que se viva o dia, um novo sonho, que se alimentem os sonhos, é o que espero...

Texto: André Soares
Fotografia: Rodrigo Vargas Souza

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