quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A GRADE, O MEDO E A CHAVE


As grandes metrópoles do mundo ocidental possuem uma característica comum, cada vez mais concebem o espaço urbano num requinte comparável por vezes aos Campos de Concentração, seus centros de compras, conjuntos habitacionais, flats, condomínios fechados, vilas, favelas refletem o que Emma Goldman alertava que o ser humano devido às circunstâncias se tornaria “uma figurinha nas mãos desta onipotência metafísica que se chama determinismo econômico, mais vulgarmente luta de classes”. Esta absurda situação provoca o surgimento do que podemos convencionar de guetos urbanos, ou seja, de acordo com o fator econômico os níveis e padrões de consumo determinam a ordem social e a ocupação dos espaços físicos da cidade que fragmenta seus processos alijando seus habitantes do convívio e pleno exercício da vida comunitária integral. A extrema miséria ocupa seu espaço nos sinais de trânsito, se prostitui, droga-se e rouba, vive nas pontes elevadas favelas representa enorme e constrangedora ameaça as demais classes sociais oponentes na disputa de território e poder. O medo é uma instituição estampado nos rostos e refletido no comportamento geral afastando os seres criando um ambiente paranóico e tenso alimentado por uma mídia predadora que em tempo real reproduz estas micro-realidades maximizando o pânico coletivo que imobiliza a sociedade de forma preocupante. Estamos replicantes, talvez influenciados pela ficção nos convertemos em atores de nossa própria existência e não autores, hoje idolatramos os paradigmas da era tecnológica que acabou nos transformando em alguma coisa proto-humana onde o sintético criou vida e assumiu o controle da situação. Mas em algum lugar ainda obscuro escondida encontra-se a chave mestra da mudança, esta lá esperando a mão que lhe tomará e abrirá um novo campo para uma vida menos sintética, mais natural voltada para o equilíbrio permanente. A perspectiva para alcançar esta condição de sociedade passa por adotar princípios de convívio voltados para valorizar o humano em cada um de nós, e não autômatos consumidores compulsivos dos “avanços” da civilização. Direcionando o olhar ao futuro percebemos que pela arte a cultura e a educação finalizaremos a jornada trataremos as chagas sociais e na cura exercer o direito fundamental: viver com dignidade.
Texto: André Soares
Foto: Horpker ( clicar em cima da imagem para ampliar)

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