segunda-feira, 11 de abril de 2011

Do verde ao Cinza‏


O viajante em sua eterna busca se depara com a diversidade da paisagem por onde passa, sua atenção e emoção são tocadas constantemente.

Recentemente parti de um cenário deslumbrantemente verde rumo a outro completamente cinza, e que poderíamos descrever como disforme e incolor, com base no elevado grau de degradação ao que o ser humano se submete nas grandes metrópoles. Do sonho ao concreto num breve intervalo de tempo, muitas são as implicações, o que é deixado para tráz fica irreconciliávelmente ultrapassado e o que se avoluma diante dos olhos causa estranheza e apreensão, muitas sensações, do desencanto à curiosidade, passando pela expectativa tornam-se o motor impulsionando a prosseguir, o tempo congela e cristaliza as imagens estrada afora, do centenário muro de pedra semi-destruído ao rio que desce vertiginosamente a serra gaúcha até chegar na imensa e histórica catedral encravada no coração da cidade que diante de si deposita os degredados os já sem vida, que entre o álcool, a cola e o crack enganam mais um dia, defecando nas calçadas sem se importar com os passantes, furtando, brigando sem dar a menor importâncias aos PMs presentes, esta realidade é um murro forte em nossa sensibilidade, choca e arrefece o pensamento no que ficou, nem perdido e tão pouco esquecido. Cumprir a jornada é a necessidade primeira, saltar do mundo natural para outro voraz e superficial, fervilhando armadilhas. Quanto falta para chegar? Será que ainda voltarei?poderei reencontrar? Dúvidas, dúvidas... Erguer a cabeça e mirar o futuro, que venha o concreto, inexorável e frio, que retorne o verde prazeiroso e quente, Recomeço a andar...


Texto: André Soares

Fotografia: Rodrigo Vasgas Souza

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