Segunda-Feira
Faz frio
Ele sai com seus sapatos pesados
A mesma calça rota
E um casaco de veludo dos anos 80
No bolso
No lugar dos documentos, celular e cartão de crédito
Um walkman com uma fita de Stravinsky
Um lápis 6B
E um pouco de dinheiro
Pouco, mais o suficiente para preencher a solidão do dia
Senta na mesma mesa revestida de papel Kraft
Pede uma taça de vinho bordô para o mesmo garçom cansado
No qual nunca trocou uma palavra
Toma o vinho com notas acentuadas de vinagre
Calado
Começa a traçar linhas tortas na mesa
Definindo sua arquitetura vazia
Preenchida apenas de calungas fáticas
Após algumas horas
Deixa a mesa nua
O copo com a solidão
E entra em sua madrugada
Habitando os espaços defeituosos da rua
As pessoas cegas vêem apenas ele sozinho
Pulando no meio do nevoeiro
Zombam de sua loucura
Mas ele com indiferença dança
Dança com suas calungas
Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Rael Brian
Dança com suas calungas
Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Rael Brian
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