Um piano tocado por dedos tortos
Acompanha a chuva cálida
A tinta espessa na tela
Grita em gestos atormentados
As roupas retorcidas sobre a cama
Cheiram ao excesso do teu corpo
A Sala é abstrata de tantas ausências
O espaço insiste em ser rarefeito de cor
Hoje o gris deixa o céu denso
Espalha uma onda de luz branca
(No I Ching só há linhas
interrompidas)
Mas há um cheiro de flor
Rompendo a concisão do dia
Mas há um gosto de cor (amarela)
Furando a melancolia...
Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Iberê Camargo