sábado, 1 de outubro de 2011
Como era lá pra fora
Como segurando o crepúsculo
O fogo de chão
Esquenta a chaleira negra
E o amargo do chimarrão reveza a goela com a cachaça
Pelego de ovelha sobre a tábua de araucária polida
A porteira aberta
O carroção e a junta de boi
Andando lentamente
Como se retrocedesse o tempo
Passado e presente misturado
Cavalgando os buracos circulares com cacos de cerâmica
Que hoje abrigam as taperas e a alma de Teiniaguá
O carro avançando o tempo para o futuro
A mesma poeira
A estrada de chão
O açude
O campo pampiano
Os lambaris em pulos
Manchando a paisagem de cor prata
A goleira de pau roliço e a trepadeira magenta
Enquadrando o horizonte que lanha
O verde do azul
As caturritas rompendo o silêncio
As margens do arroio ribeiro
Os butiazeiros carregados de frutos
Coquinhos no chão
Corroídos pelas formigas cortadeiras
Nos capões,
Nos entreveros dos maricás
O eco do pajador
No banhado o esteio com água pela cintura
Abriga os pés da coruja baguala
Como sangue de mesma geometria
A arquitetura do João barreiro
Sobre os postes de energia latente
Cachopa de marimbondo
Mel de abelha
Eucalipto
Tudo é ocupado por bicho guasca
O sol queimando o torrão
O chão do graxaim
Revirado pelo arado
Sanga vertendo
Sanguessuga
Monocultura
Aeromotores e veneno
Riscam a beleza miúda
Da terra do índio minuano
Poema: Rodrigo Vargas Souza
Desenho: Glauco Rodrigues
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