segunda-feira, 26 de setembro de 2011

E la nave va...



São tantos os labirintos em que nos perdemos no transcorrer de um único dia, episódios que no desenrolar das horas tornam o exercício da vida um movimento sucessivo de avanços e retrocessos, de perdas irreparáveis, reencontros e descobertas, percorrendo caminhos pavimentados pela fantasia, pela ilusão, pela realidade, e tudo isso num recorte de 24 horas, como se estivéssemos diante de uma grande tela assistindo o enorme transatlântico percorrendo oceano, o rinoceronte a deriva, a dança oscilante das ondas, e toda a carga de informação com que somos alvejados a cada instante, ansiamos por encontrar refúgio e proteção, que na maioria das vezes não passa de uma frágil película revestindo nossas emoções.
Lançando um olhar irônico sobre o cotidiano, explorando suas dicotomias teremos um mosaico de contradições tão requintado que a confusão que resulta serve de estímulo a reflexão e quem sabe favoreça alguma ação. Mergulho nas minhas próprias perspectivas e seus micro mundos tão conectados quanto distantes da complexidade contemporânea, enxergo as múltiplas possibilidades, as deformidades contidas no ambiente, a sociedade afogada na intolerância que matou o punk no fim de semana da grande metrópole, em Kadafi vociferando de seu esconderijo, ou nos estudantes chilenos em batalhas urbanas, na guerrilha do complexo do Alemão, no 11 de Setembro dez anos depois, em Sócrates com cirrose, até no Etna entrando em erupção causando pânico local e curiosidade na mídia, enfim, sufocados neste que é o nosso tempo, nossa prisão tecnicista, já sentiram o vazio das horas quando falta energia elétrica?
Pulsam provedores, sites, facebook, twitter, smartphone, chegamos à era petabyte, uma unidade de medida de informação que equivale à 1.000.000.000.000.000 de bytes e que proporciona a inteligência americana poder armazenar todo o fluxo de informações do planeta num sistema complexo e sofisticado, minha mente voa longe, retorno ao passado e me debruço sobre a Missão Obscura da NASA, que nos primórdios da corrida espacial foi formada pela estranha composição entre três sociedades nem tão secretas, os Nazistas, a Maçonaria e uma terceira chamada Estrela de Prata, compondo um mundo repleto de simbolismos, poder e mistérios, descobri este assunto casualmente após conversar com um amigo que citou Tum livro sobre a expedição nazista ao planeta Marte e de imediato me joguei nesta jornada investigativa.
Nasceu uma convicção, a despeito de tão fabulosa tecnologia, com avanços em todas as áreas do conhecimento o espírito humano permanece indomável e imprevisível, me fascinam estas alternativas da história, tão possíveis quanto improváveis, mas presentes, aceitas e abominadas, pagãs, sagradas ou científicas, fazendo lembrar Huxley profetizando: “oh admirável mundo novo que criaturas fantásticas você criou”, mundo formidável para alguns desconhecido para outros, para milhares sem sentido sem explicação, e para os “felizes” sem a menor necessidade de explicá-lo.
A literatura me socorre, mas logo ali na rua, agora neste instante, algo acontece, o cenário se altera rapidamente e os protagonistas se alternam em cena, o tempo não para, temos a ousadia de tentar congelar de possuí-lo, mas nos prostramos vencidos, seguirá soberano e inexorável sobre o destino da humanidade, recentemente noticiou-se estender a longevidade para 150 anos, bela tentativa de prolongar a existência, mas e as conseqüências deste fato? se pensarmos um pouco, com tamanha distorção em que vivemos só alguns poucos eleitos se beneficiarão da conquista, muitos nunca chegarão a idade madura, tantos fatores contribuem para isto, tão abismal a distancia que separa os seres, tão absurda esta sanha arrivista de poucos, pode parecer que estas projeções não passem de ato isolado e desesperado de um naufrago sideral, perdido em meio a este macro cosmos das idéias, sonhos, projeções, convicções e pouquíssimas ações em defesa do essencial, em prol da vida, do humano, confesso minha impotência, só me sinto livre aqui, e mesmo assim estou limitado pela página, pela fonte e por minha duvidosa consciência, não quero perturbar as pessoas mas é incontestável que devemos tomar uma atitude urgente em relação ao processo da história em que estamos entalados, a mim a natureza ofertou esta capacidade camaleônica de estar aqui, ali, acolá e conviver com a diversidade das comunidades e dos grupos sociais, em tudo há esperança, em todos existe a capacidade de transformar, escutem, ouviram? vem até mim o eco mutante: os ventos do sul já vão chegar...

Texto: André Soares

Imagem: Walker Evans - 1930

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