O vento arrebenta os prendedores
Telhas
Trincadas
Tensas
Penso no poema de Rimbaud tatuado em tua coxa
Amanhã os pássaros se
masturbarão com tuas roupas intimas
Não será pelo pano
Não será pelo pano
Quem sabe pelo resto pubiano
Pelo cheiro
Eu faço o mesmo
Um filme mudo
Surdo
Zomba de mim
Eu cuspo nele com minha esclerose
Preciso sempre de um pouco
Um hoje
Para acalmar a gastrite e a cirrose
Um silêncio febril
Uma fumaça de carne e osso
Impregnada na lã
Na sala
Uma música sem som
(4’33” de John Cage)
Um pandeiro
Sem volume
Quero ouvir a nudez do vento
No cume
Sou o outrem
Que risca a pele de nanquim
Preenche a goela de vinho
Violenta as paredes pálidas fora
de prumo
E guarda o gemido e o gozo
Nos chakras
No corpo úmido (de suor)
Expõe o aço à ferrugem
Como um gosto azedo no beijo
E azeda o mofo e o resto que há de tempo
Perdido Poema: Rodrigo Vargas Souza
Imagem: Miguel Chiakoaka
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